24 maio 2005

Metades

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.


Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a pessoa que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida, e a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, apenas respeitadas como a única coisa que resta a alguém inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que eu calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme em calma e paz.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso, a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e o convívio comigo se torne agradável.
Que o espelho reflita em meu rosto os doces sorrisos que eu dei na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...


Que não mais do que uma simples alegria me faça aquietar o espírito,
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.


E que minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor.
E a outra metade... também.


(Autor Desconhecido)

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